O preço da advocacia e o valor da expertise
- Geovane Ferreira Pires
- 20 de jun.
- 3 min de leitura
Atualizado: 23 de jun.
A advocacia é uma atividade que, assim como a medicina, tem na especialização de seus profissionais o diferencial entre uma atuação generalista e uma condução precisa, pautada pelo conhecimento aprofundado da matéria. Basicamente, ao torcer o pé ou sentir dores no joelho, o ideal é procurar um ortopedista, ainda que um clínico geral esteja disponível. Não faria sentido, nesse caso, buscar um neurologista ou um psiquiatra. No Direito, da mesma forma, diante de um problema na área imobiliária, é importante recorrer a um profissional que atue especificamente nesse campo, ou seja, um advogado especializado em Direito Imobiliário, ainda que outros profissionais (generalistas, tributaristas, trabalhistas, empresariais etc.) estejam à disposição.
Naturalmente, a especialização envolve um investimento maior, o que se reflete no valor dos honorários. Contudo, espera-se que essa expertise resulte em uma condução mais assertiva e eficaz, com medidas estrategicamente orientadas e com maiores chances de êxito. Por outro lado, o profissional generalista, por não possuir domínio técnico específico, tende a adotar uma atuação mais abrangente, explorando diversas frentes na tentativa de alcançar um resultado positivo para o cliente.
Em regra, essa atuação pulverizada acarreta mais custos e perda de tempo, uma vez que o problema se prolonga além do necessário, tempo este que poderia ser economizado com uma condução precisa por parte de um especialista.
Surge, então, uma reflexão inevitável: onde está o real valor na contratação de um profissional? Estaria no investimento feito nos honorários de quem pode trazer a solução esperada no menor tempo possível, por possuir o conhecimento específico para o caso? Ou no custo aparentemente menor de um generalista, cuja condução, menos objetiva e tecnicamente direcionada, tende a prolongar o conflito e diminuir as chances de sucesso?
Importa destacar que não se trata de uma crítica ao profissional generalista, que, assim como o clínico geral na medicina, é essencial para o atendimento de uma ampla gama de situações. Entretanto, até mesmo esse profissional, ao se deparar com uma demanda complexa ou específica, frequentemente busca o apoio de um colega especialista na área. Logo, por que o cliente não adotaria, desde o início, esse mesmo cuidado ao escolher seu advogado?
A verdade é que o advogado especializado, para alcançar um alto nível de expertise, dedicou anos de estudo, investiu recursos próprios em formação continuada e acumulou experiências práticas que o qualificam e o destacam no mercado. Essa trajetória, somada à estrutura necessária para o melhor atendimento ao cliente, torna seus honorários compatíveis com o valor que entrega, o qual não é compatível com modelos de remuneração baseados apenas no êxito do processo ou ao final da demanda.
O tempo é o ativo mais valioso de qualquer profissional e precisa ser adequadamente remunerado. Por isso, o modelo mais recomendado e amplamente praticado no mercado, é o que estabelece o pagamento de parte dos honorários no início do trabalho e outra parte condicionada ao sucesso (honorários de êxito).
Deve-se reforçar, sempre, que honorários advocatícios não são custo, mas investimento. Ao contrário do senso comum, que por vezes tenta minimizar o papel do advogado, é importante lembrar que, em qualquer litígio, há interesses contrapostos, ou seja, há lados. E quem está ao seu lado? O seu advogado. Esse é o profissional que caminha com o cliente em busca da justiça que tanto precisamos. E por essa razão, deve ser, com justiça, devidamente valorizado e remunerado.
Belo Horizonte, 02 de junho de 2025.
Geovane Ferreira Pires
Advogado especialista em Direito Imobiliário
Membro da Comissão de Direito Imobiliário da OAB/MG
Membro da Associação Mineira dos Advogados do Direito Imobiliário - AMADI
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